Gastei depois imenso tempo e trabalho a fazer um chapéu-de-sol, que muito desejava por me ser indispensável. Tinha visto o modo de fabricá-los no Brasil, onde o grande ardor solar os torna necessários; como os calores na minha ilha eram tanto ou mais fortes do que ali, porque ficava mais perto do equador, e como precisava de sair com frequência, um chapéu-de-sol era-me útil, tanto para a chuva- como para o sol. Apesar do insano trabalho que me custou, muito tempo decorreu sem que eu fizesse algo que se parecesse com um guarda-chuva; e quando julgava ter acertado, ainda tive de desfazer dois ou três antes de dar com o que pretendia; mesmo assim, consegui fazer um quase aceitável. A grande dificuldade era poder fechá-lo, porque sem isso deveria mantê-lo sempre aberto, o que seria muito incómodo. Finalmente, repito que fiz um que me pareceu razoável: estava coberto de peles com o pêlo posto por baixo; de maneira que não só me protegia da chuva, mas também do vento, permitindo-me sair nas estações mais quentes e nas mais frias. Quando não me servia dele, podia fechá-lo e levá-lo debaixo do braço.
Vivia deste modo com bastante comodidade; o meu espírito tinha serenado completamente" resignando-se à vontade divina, e confiando inteiramente na sua Providência.
Nenhum sucesso notável me aconteceu que haja de referir durante os cinco anos seguintes da minha vida na ilha: tinha os mesmos cuidados, ocupava o mesmo lugar, a mesma posição que antes.