Contudo, depois de ter reflectido bem, após muitas incertezas, pois durante muito tempo pesei os prós e os contras, a minha paixão prevaleceu sobre a minha humanidade, e resolvi apoderar-me de um daqueles selvagens fosse por que preço fosse. Tratava-se de saber como consegui-lo, o que era difícil de decidir, mas como não podia arranjar nenhum meio seguro, resolvi espreitar os meus inimigos quando desembarcassem e estabelecer então o meu plano, conforme as circunstâncias o exigissem.
Tomada esta resolução, fui para a costa tantas vezes quantas me foi possível; com frequência excessiva, mesmo assim, pois acabei por me cansar; durante ano e meio não deixei um só dia de ir à ponta oeste e à sudoeste, sem ver o mínimo rasto de canoas ou de selvagens. Isto desalentava-me muito; apesar de tudo, os meus desejos, em vez de diminuírem com o mau êxito, como na primeira vez, pareciam ainda aumentar mais; numa palavra, estava então ansioso por ver os selvagens, enquanto que das outras vezes os tinha evitado.
Pensava ao mesmo tempo que se apanhasse um, ou até dois ou três, conseguiria submetê-los completamente às minhas ordens e tirar-lhes para sempre os meios de me causarem dano. Acarinhei esta ideia durante algum tempo mas nada de novo ocorria, e todos os meus planos pararam ali, pois não avistei qualquer selvagem.