Quando a boa estação apareceu e o tempo começou a ficar mais seguro, o desejo de executar a empresa chegou ao ponto mais vivo; ocupava-me diariamente a preparar tudo para a viagem. O meu primeiro cuidado foi reunir todas as provisões que nos poderiam ser necessárias, porque tencionava, dentro de uma ou duas semanas, destapar o buraco e lançar a canoa à água.
Achando-me uma manhã assim ocupado com os meus preparativos, chamei Sexta-Feira e ordenei-lhe que fosse à praia buscar algumas tartarugas, tal como o fazíamos habitualmente uma vez por semana, tanto pelos ovos como pela carne. Havia apenas um momento que ele saíra, quando o vi regressar a correr e a atirar-se por cima da trincheira exterior como se os seus pés não tocassem no solo; e antes que eu tivesse tempo de interrogá-lo, exclamou:
- Ah!, senhor! Ah!, senhor! Que lástima, que desgraça!
- Que se passa, Sexta-Feira?
- Oh, lá em baixo, uma, duas, três canoas! Uma, duas, três!
Acreditei logo, segundo o seu modo de exprimir, que havia lá, pelo menos, seis canoas; mas tendo-lhe perguntado, soube que não passavam de três.
- Bem - disse-lhe -, não te assustes, Sexta-Feira. Animei-o o melhor que me foi possível; apesar disso, vi que o pobre estava horrivelmente assustado. Havia-se-lhe metido na cabeça que os selvagens tinham vindo expressamente buscá-lo para o sacrificarem e devorarem.