Robinson Crusoe - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 52 / 241

Mesmo assim, depois deste arrebatamento caí em mim e pegando naquele dinheiro com os demais utensílios que tinha encontrado no armário, embrulhei-o. Então pensei em construir uma nova jangada, mas vendo que o céu se cobria de grossas nuvens, que o vento começava a levantar-se, e notando ao fim de um quarto de hora algumas rajadas vindas de terra, pensei que seria uma loucura querer construir uma jangada, com vento contrário; e compreendi que se quisesse alcançar a margem era necessário voltar antes de começar a baixa-mar. Deitei-me, pois, a nado para atravessar o braço de água que me separava de terra. Cheguei com muito custo, tanto por causa do peso que levava como devido à agitação do mar, porque o vento aumentou com tanta rapidez que a tempestade estalou antes de a maré ter subido.

Mas eu achava-me já sentado na minha choça no meio das riquezas e em plena segurança. A noite foi tempestuosa e, pela manhã, quando dirigi a vista para o mar, vi que o casco do buque tinha desaparecido. Depressa me consolei da surpresa, porque não havia perdido o tempo nem poupado trabalho para tirar do barco o que podia ter para mim alguma utilidade, e porque deixara nele muito poucas coisas que pudesse trazer, mesmo que dispusesse de mais tempo para tal.





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