Robinson Crusoe - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 85 / 241

Em 15 de Julho comecei o reconhecimento e dirigi-me para a pequena baía, à qual já me referi, e onde abordei com as minhas jangadas. Percorri a costa, vendo que a maré estava a pouco mais de duas milhas; existia naquele local um pequeno riacho, cuja água era doce e boa; mas como estávamos no Verão, achava-se quase seco. Estendiam-se nas suas margens, à maneira de lençóis verdes, formosos prados cobertos de relva. Nas paragens mais elevadas, onde a água nunca chegava, isto é, junto das montanhas, cresciam altos caules de tabaco verdes e vigorosos, e outras plantas de mim desconhecidas, e que talvez tivessem virtudes que eu ignorava.

Procurei entre elas a raiz de mandioca, com a qual os índios fazem uma espécie de pão; mas foi-me impossível encontrá-la. Vi formosas aloés, plantas cujo uso então não conhecia, e muitas canas-de-açúcar silvestre, que o cultivo não aperfeiçoara.' Naquele dia contentei-me com estas descobertas, e dava tratos à imaginação em busca de como poderia saber as virtudes e bondades daquelas plantas; mas pouco adiantei as minhas reflexões, porque observara com pouca atenção a vegetação durante a minha estada no Brasil, e não sabia nada sobre plantas silvestres ou, pelo menos, sabia muito pouco para poder servir-me delas para qualquer fim.

No dia seguinte, 16 de Julho, tomei o mesmo caminho e, tendo avançado um pouco mais do que na véspera, vi que o arroio e as pradarias não se estendiam para aquele lado, e que a campina começava a estar mais povoada de árvores. Nesta parte deparei com diferentes espécies de fruta, e particularmente matas de melões em grande abundância, e parreiras que pendiam das ramagens. As vides, de facto, haviam trepado pelas árvores, e os cachos das uvas estavam muito maduros e ricos. Foi uma descoberta agradável, e muito feliz me senti com ela; mas como já tinha alguma experiência, comi pouco daquela fruta, pois lembrava-me de ter visto em Africa muitos ingleses a morrer de febres e disenterias por comerem desatinadamente uvas.





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