Quem tenha olhos para as tonalidades, chamar-lhe-á pureza diamantina,
Na náusea dos homens, da «turba», residiu sempre o meu maior perigo... Quereis escutar as palavras de Zaratustra quando diz como se libertou dessa náusea? «Que é de mim? Como libertar-me desta náusea?
Quem rejuvenesce o meu olhar? Como voar para as cumeadas onde se não atropela a turba ao pé da fonte?
Foi a minha própria náusea que me deu asas e forças para pressentir os mananciais? Na verdade, tinha de voar às alturas para encontrar a fonte da alegria!
«Ó meus irmãos, encontrei-a! Aqui, na suprema altura, transborda para mim a fonte da alegria! E há uma fonte de vida na qual se bebe longe da turba! «Vem tu para mim com dobrada violência, corrente da alegria! Quantas vezes, para encher a taça, outra vez a esvazias!
«Tenho que aprender a aproximar-me de ti mais serenamente: meu coração pulsa com demasiada violência quando vou ao teu encontro:
«- Meu coração, no qual se consome o meu estio, o meu breve estio, cálido, melancólico, demasiado feliz: como se sente seduzido pela tua frescura, meu coração estival;
«Vedou-se-me o turbilhão vário da minha primavera! Passaram os flocos de neve da minha maldade no mês de Junho! Todo eu me concerto em estio e meio-dia estival!
«- Estio nas alturas com frescos mananciais e silêncio bendito: ó vinde, amigos meus, para que esta serenidade se torne ainda mais bendita!
«Pois esta é a nossa altura e a nossa pátria natural: vivemos aqui em lugar demasiado elevado para que o alcancem impuros e a sede dos impuros.
«Mergulhai agora vossos puros olhares na fonte da minha alegria, ó amigos! Como se havia ela de perturbar por isso? Ela, em sua pureza, sorrir-vos-á. «Nós somos os que constroem o ninho sobre a árvore do porvir; nosso alimento, hão-de trazê-lo as águias.