Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Porque escrevo tão bons livros

Página 47
com velas astutas, a viagem pelos mares temerosos: a vós, homens raros, ébrios de enigmas, a quem agrada a luz vacilante, a vós outros cuja alma se sente seduzida, pela melodia das flautas, para todos os perigosos abismos; porque não pretendeis recorrer com mão cobarde a um fio condutor e porque odiais a argumentação ali onde podeis «adivinhar».

4

Quero acrescentar algumas palavras sobre a minha arte do estilo. O sentido de todo o estilo outro não é, por certo, senão este: comunicar por meio de sinais um estado de ânimo, uma última tensão do pathos, com o ritmo próprio e consoante. E, considerando que a variedade de estados de ânimo é em mim extraordinária, tenho muitas possibilidades de estilo, a maior diversidade de estilos de que um homem jamais pôde dispor. Ê autêntico todo aquele estilo que comunica realmente um íntimo estado de ânimo, o que se não engana sobre os sinais, sobre o ritmo dos sinais, sobre os gestos; todas as leis do estilo são formas do gesto. Neste ponto é o meu instinto infalível. O estilo bom em si é pura loucura, puro «idealismo», como o «belo em si», o «bom em si», a «coisa em si». Suponho que há ouvidos para ouvir, que há homens capazes e dignos de um patlws igual ao nosso, e que não faltam seres a quem tudo isto se possa comunicar. O meu Zaratustra, por exemplo, está hoje ainda buscando tais homens; ah!, terá ainda que buscá-los muito tempo! Requere-se valor bastante para saber ouvir. Até então ninguém haverá capaz de compreender a arte que nesse livro abundante empreguei: ninguém pôde jamais ser tão pródigo em recursos artísticos novos, inéditos, criados expressamente. Faltava demonstrar que tal coisa fosse possível precisamente na língua alemã: eu próprio, antes de intentá-lo, o teria negado redondamente.

<< Página Anterior

pág. 47 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Ecce Homo
Páginas: 115
Página atual: 47

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇAO 1
Porque sou tão sábio 5
Porque sou tão sagaz 20
Porque escrevo tão bons livros 41
A Origem da Tragédia 52
Considerações intempestivas 58
Humano, demasiado Humano 64
Aurora 71
O Alegre Saber 75
Assim falou Zaratustra 76
Para além do Bem e do Mal 91
Genealogia da moral 93
Crepúsculo dos ídolos 95
O caso Wagner 98
Por que sou uma fatalidade 106