Foi esta vontade que me levou para longe de Deus e de deuses; pois que haveria que criar se houvesse deuses?
A minha ardente vontade de criar lança-me de novo sempre para os homens; assim como o martelo para a pedra.
Ah, homens, para mim, na pedra dorme e estátua, a estátua das estátuas! Ah, e porque há-de haver pedra tão dura que dela a estátua não desperte?
Agora bate duramente o meu martelo nessa cerrada prisão. A pedra faz-se em pedaços: mas que importa?
Quero acabar a minha obra, pois uma sombra veio até mim - a coisa mais silenciosa e mais ténue veio até mim.
A beleza do super-homem veio até mim como uma sombra: e que me importam agora os deuses?...»
Vou pôr em relevo um último ponto de vista: o motivo é o trecho que citei. Uma tarefa dionisíaca tem justamente como indisputáveis pressupostos a dureza do martelo e o prazer da destruição. No imperativo «sede duros!» e na certeza primacial de que todos os criadores são duros está o próprio sinal de uma natureza dionisíaca.