Sangue Azul - Cap. 20: 8 Pág. 215 / 287

Nessa situação se encontrava, com um espaço vazio ao lado, quando o capitão Wentworth voltou a aparecer. Anne viu-o não muito longe. Ele também a viu, mas parecia grave e irresoluto, e só muito lentamente se aproximou, por fim, o suficiente para falar com ela. Anne percebeu que devia ter acontecido alguma coisa; a mudança era indubitável. A diferença entre o seu ar presente e o que fora na sala octogonal era extraordinariamente grande. Porque seria? Pensou no pai, em Lady Russell... Teria havido alguns olhares desagradáveis? Ele começou por falar do concerto, gravemente, de uma maneira mais parecida com a do capitão Wentworth de Uppercross. Declarou-se decepcionado, esperara melhor canto; e, em resumo, devia confessar que não lamentaria muito quando acabasse. Anne respondeu, e falou tão bem em defesa do desempenho, e ao mesmo tempo tendo em consideração, tão agradavelmente, os sentimentos dele, que a sua expressão melhorou e ele lhe redarguiu quase a sorrir de novo. Conversaram durante mais alguns minutos, e a melhoria persistiu: ele chegou mesmo a olhar para baixo, para o banco, como se visse um lugar que valia a pena ocupar. E foi nesse momento que um toque no ombro obrigou Anne a voltar-se. Era' Mr. Elliot. Pediu que lhe perdoasse, mas que tinha de recorrer a ela uma vez mais, de novo para explicar o italiano. Miss Carteret estava muito empenhada em ter uma ideia geral do que ia ser cantado a seguir. Anne não pôde recusar, claro, mas jamais sacrificara à cortesia com um espírito mais sofredor.

Alguns minutos, embora o mínimo possível, foram inevitavelmente consumidos, e quando ficou de novo livre, quando pôde voltar-se e olhar como olhara antes, viu o capitão Wentworth dirigir-lhe uma espécie de despedida reservada e, ao mesmo tempo, apressada.





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