Sangue Azul - Cap. 20: 8 Pág. 214 / 287

Anne foi uma das poucas pessoas que preferiu não sair de onde estava. Continuou no seu lugar, e Lady Russell também. Mas teve o prazer de se livrar de Mr. Elliot e decidiu que, apesar dos seus sentimentos por Lady Russell, não se furtaria a conversar com o capitão Wentworth, se ele lhe desse essa oportunidade. O semblante de Lady Russell tinha-a convencido de que a amiga o vira.

Ele, porém, não veio. Anne imaginou, algumas vezes, que o distinguia à distância, mas ele nunca se aproximou. O angustiante intervalo decorreu improficuamente. Os outros regressaram, a sala voltou a encher-se, reclamaram-se e reocuparam-se bancos e estava prestes a começar outra hora de prazer ou penitência, outra hora de música ia provocar deleite ou bocejos, consoante prevalecesse o gosto verdadeiro ou o afectado. Para Anne, existia apenas a perspectiva de uma hora de nervosismo. Não poderia sair daquela sala em paz sem ver o capitão Wentworth mais uma vez, sem a troca de um sorriso amigo.

Depois de as pessoas se reinstalarem, verificou que tinha havido muitas mudanças, cujo resultado a favorecia. O coronel Wallis não quis voltar a sentar-se e Mr. Elliot foi convidado por Elizabeth e Miss Carteret, de uma maneira que não permitia recusas, a sentar-se entre elas. Graças a outras retiradas, e a algumas pequenas manobras da sua parte, Anne conseguiu colocar-se muito mais perto do fim do banco do que estivera antes, ficando muito mais ao alcance de quem passasse. Não pôde fazê-lo, no entanto, sem se comparar com Miss Larolles, a inimitável Miss Larolles, mas mesmo assim fê-lo, ainda que não com resultado muito mais encorajador. Mas, por um acaso feliz ocorrido sob a forma de uma desistência prematura entre os seus vizinhos próximos, deu consigo mesmo no fim do banco antes de o concerto terminar.





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