Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 232 / 287

- Tenha apenas a bondade de me escutar. Não tardará a poder avaliar o crédito geral que as minhas palavras merecem, ouvindo certos pormenores que poderá de imediato contradizer ou confirmar. Ninguém supõe que a minha amiga tenha sido o seu primeiro incentivo. Ele tinha-a realmente visto antes de vir para Bath, e admirara-a, mas sem saber quem a Anne era. Pelo menos é isto que me diz a minha informante. É verdade? Ele viu-a no Verão ou no Outono passados, «algures no Oeste», para usar as palavras da dita informante, sem saber que era quem é?

- Viu, sem dúvida. Até aí, é muito verdade. Foi em Lyme, onde eu me encontrava por acaso.

- Bem - continuou Mrs. Smith, em tom triunfante -, conceda à minha amiga o crédito devido à confirmação da primeira questão. Ele viu-a, de facto em Lyme e gostou de si ao ponto de ficar muitíssimo satisfeito ao encontrá-la de novo em Camden-place, como Miss Anne Elliot, e a partir daí, não me restam dúvidas, teve um motivo duplo para as suas visitas. Mas havia outro, e anterior, que passo a explicar. Se houver alguma coisa na minha história que considere falsa ou improvável, interrompa-me. Segundo o que me foi dito, a amiga da sua irmã, a senhora que se encontra em vossa casa e de que eu já a ouvi falar, veio para Bath com Sir Walter e Miss Elliot em Setembro (em resumo, quando eles próprios vieram) e tem estado com eles desde então; é uma mulher inteligente, insinuante e bonita, pobre e bem-falante, e encontra-se numa situação que dá aos conhecidos de Sir Walter a ideia generalizada de que pretende vir a ser Lady Elliot, aliada à surpresa de Miss Elliot estar aparentemente cega quanto a esse perigo.

Mrs. Smith fez uma pequena pausa. Mas Anne não teve uma palavra para dizer e ela continuou:

- Esta era a luz em que a questão se apresentava aos que conhecem a família, muito antes de a Anne se lhe juntar.





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