Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 234 / 287

E aí o seu objectivo constante, o seu único objectivo (até a sua chegada acrescentar outro motivo) era vigiar Sir Walter e Mrs. Clay. Não perdia nenhuma oportunidade de estar com eles, atravessava-se no seu caminho, aparecia a todas as horas - mas eu não preciso de ser pormenorizada a este respeito. A Anne pode imaginar o que um homem ardiloso faria em tais circunstâncias, e com o que acabo de lhe dizer talvez se lembre mesmo do que o viu fazer.

- Sim - concordou Anne -, não me está a dizer nada que não corresponda ao que eu sabia, ou podia imaginar. Há sempre alguma coisa insultuosa nos pormenores da astúcia. As manobras de egoísmo e duplicidade têm de ser sempre revoltantes, mas eu não ouvi nada que realmente me surpreenda. Sei quem são aqueles que ficariam chocados com uma descrição de Mr. Elliot, que teriam dificuldade em acreditar nela. Mas eu nunca tive a certeza. Sempre quis que houvesse, para a sua conduta presente, qualquer outro motivo diferente daquele que parecia haver. Gostaria de conhecer a opinião dele quanta à probabilidade daquilo que tem temido, se ele considera que o perigo diminuiu ou não.

- Diminuiu, suponho - respondeu Mrs. Smith. - Ele pensa que Mrs. Clay tem medo dele, está consciente de que ele vê perfeitamente quais são as suas intenções e não se atreve a proceder cama faria na sua ausência. Mas coma Mr. Elliot tem de se ausentar uma vez por outra, não vejo como poderá jamais sentir-se seguro, enquanto ela conservar a sua influência presente. Mrs. Wallis tem, segundo a enfermeira me disse, uma ideia interessante, que é registar nas cláusulas matrimoniais, quando a Anne e Mr. Elliot se casarem, que seu pai não casará com Mrs. Clay. Um estratagema absolutamente digno do entendimento de Mrs. Wallis; mas cujo absurdo não escapa à minha sensata enfermeira Rooke.





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