Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 235 / 287

«Com certeza, minha senhora», diz ela, «isso não o impediria de casar com outra pessoa qualquer.» E, para dizer a verdade, eu não penso que a enfermeira, lá no fundo do seu coração, seja uma opositora muito ardorosa de que Sir Walter faça um segundo casamento. É natural que seja a favor do matrimónio, como deve compreender, e (como o interesse próprio intervém sempre nestas coisas) quem poderá dizer que ela não possa acalentar algumas fugazes fantasias de vir a assistir à próxima Lady Elliot, através da recomendação de Mrs. Wallis?

- Estou muita grata por saber tudo isto - disse Anne, após uns momentos de reflexão. - Será mais penoso para mim, nalguns aspectos, conviver com ele, mas por outro lado saberei melhor como proceder. A minha linha de conduta será mais directa. Mr. Elliot é, evidentemente, um homem dissimulado, falso e mundano, que nunca se guiou por nenhum princípio melhor do que o egoísmo.

Mas a conversa sobre Mr. Elliot ainda não estava encerrada. Mrs. Smith fora desviada da sua primeira direcção, e Anne, levada pelo interesse do que respeitava à sua própria família, esquecera tudo o que, inicialmente, fora insinuado contra ele. Mas agora a sua atenção foi chamada para a explicação dessas primeiras insinuações, e ela escutou uma narração que, se não justificava inteiramente o azedume sem limites de Mrs. Smith, provava que ele fora muito insensível na sua conduta para com ela, muito deficiente tanto em justiça como em compaixão.

Tomou conhecimento de que (em virtude de a intimidade entre eles não ter sido alterada pelo casamento de Mr. Elliot) tinham continuado sempre juntos como antes, e que Mr. Elliot levara o amigo a fazer despesas que ultrapassavam muito a sua fortuna. Mrs. Smith não queria assumir pessoalmente





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