Tenho a certeza, Anne, de que, se quisesses, conseguirias persuadi-lo de que estou realmente muito mal- muito pior do que eu própria alguma vez confesso.»
Mary afirmava: «Detesto mandar os meus filhos para a Casa Grande, embora a avó esteja sempre a querer vê-los, pois ela faz-lhes todas as vontades e satisfaz a tal ponto os seus caprichos, e dá-lhes tantas porcarias e guloseimas, que é garantido voltarem doentes e rabugentos para o resto do dia.» E Mrs. Musgrove aproveitava a primeira oportunidade em que se encontrava a sós com Anne para dizer: «Oh, Miss Anne, não posso deixar de desejar que Mrs. Charles adoptasse um pouco da sua maneira de proceder com aquelas crianças. Elas são muito diferentes quando estão consigo! Mas não há dúvida de que, de modo geral, são demasiado mimadas! É uma pena que não possa encaminhar a sua irmã na maneira de lidar com elas. São, sem qualquer parcialidade, umas belas crianças saudáveis, pobres queridinhas, mas Mrs. Charles não faz ideia de como devem ser tratadas! Oh, meu Deus, às vezes são tão irrequietas! Acredite, Miss Anne, que isso me impede de desejar vê-las em nossa casa tantas vezes como de outro modo quereria. Estou convencida de que Mrs. Charles não está muito satisfeita por eu não as convidar com mais frequência, mas como sabe é muito difícil ter connosco crianças que somos obrigados a reprimir a todo o instante - "não faças isto, não faças aquilo" - ou que só conseguimos manter numa ordem aceitável dando-lhes mais bolo do que é conveniente para elas.»
E Anne também ouvia de Mary comentários do género: «Mrs. Musgrove considera todos os seus criados tão correctos, que seria alta traição pôr isso em causa. Mas eu tenho a certeza, sem exagero, que a sua criada dos quartos e a lavadeira, em vez de cumprirem as suas obrigações, passam o dia em passeatas pela aldeia.
