O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 59 / 102

Poole desenterrou o machado de um monte de palha; a candeia foi colocada sobre a mesa mais próxima para lhes iluminar o ataque; sustendo a respiração, aproximaram-se do local onde aqueles passos continuavam num permanente vaivém, no silêncio da noite.

- Jekyll- gritou Utterson bem alto -, exijo ver-te. Fez uma pausa, mas não obteve resposta.

- Faço-te um aviso leal: temos muitas suspeitas, e preciso de te ver - insistiu. - Se não for a bem, será a mal... se não for com o teu consentimento, será pela força bruta.

- Utterson - respondeu a voz -, por amor de Deus, tem piedade!

- Ah, essa não é a voz de Jekyll... é a de Hyde! - gritou Utterson. - Arrombe a porta, Poole!

Poole ergueu o machado acima do ombro e desferiu um golpe que abalou o edifício; e o reposteiro vermelho bateu contra a fechadura e os gonzos. No interior do gabinete ouviu-se um guincho sinistro, um grito de puro terror animal. Mais uma vez o machado se ergueu; e mais uma vez as almofadas estalaram e o aro da porta voltou a estremecer. A pancada repetiu-se quatro vezes; mas a madeira era rija e os encaixes eram de excelente execução; somente à quinta machadada é que a fechadura se desfez em pedaços e os destroços da porta caíram sobre o tapete.

Os atacantes, aterrados pelo seu próprio tumulto e pelo silêncio que lhe sucedera, recuaram ligeiramente e espreitaram.





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