O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 95 / 102

Tudo isso passou, deixando-me debilitado; em seguida, como, por sua vez, a fraqueza diminuiu" comecei a aperceber-me de uma mudança na índole dos meus pensamentos, uma maior ousadia, um desprezo pelo perigo, uma dissolução dos laços do dever. Olhei para baixo: a minha roupa pendia disforme dos membros encolhidos; a mão pousada sobre o joelho estava enrugada e coberta de pelos. Uma vez mais, eu era Edward Hyde. No momento anterior, sentira-me seguro do respeito de todos os homens, rico e amado - a toalha estendida diante de mim na sala de jantar da minha casa; mas agora tornara-me a presa vulgar da humanidade, acossado, desabrigado, um famigerado assassino, um escravo lançado às galés.

A minha razão vacilou, mas não me abandonou totalmente. Por mais do que uma vez, verifiquei que, nesta segunda personagem, as minhas faculdades pareciam apurar-se até um determinado ponto e o meu estado de espírito tornava-se mais elástico e tenso. Assim, aconteceu que, quando Jekyll poderia ter sucumbido, Hyde elevava-se à importância do momento. As minhas drogas estavam num dos armários do gabinete; como poderia alcançá-la? Foi esse o problema que (pressionando as têmporas com as minhas mãos) me decidi a resolver. Eu tinha fechado a porta do laboratório. Se tentasse entrar pela casa, seriam os meus próprios criados a enviar-me para as galés. Percebi que tinha de empregar um outro recurso e pensei em Lanyon. Como podia chegar até ele e persuadi-lo? Supondo que conseguia esquivar-me das perseguições nas ruas, como poderia chegar à sua presença?





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