Quando ele concluiu a sua relação, Holmes saltou da cadeira sem dizer uma palavra e, passando-me o chapéu, apanhou o seu da mesa e seguiu o Dr. Trevelyan até à porta. Dentro de um quarto de hora estávamos à porta do consultório do médico, em Brook Street, que era uma dessas casas sombrias, de fachada lisa, que associamos à prática clínica do West End. Um criado de pequena estatura recebeu-nos e subimos a escada ampla e bem atapetada.
Uma singular interrupção obrigou-nos a parar. A luz em cima foi apagada e das trevas veio uma voz aguda e trémula.
- Tenho uma pistola - gritou - e garanto que atiro em quem se aproximar mais.
- Isto começa a ser realmente ultrajante, Mr. Blessington - respondeu com energia o Dr. Trevelyan.
- Oh!, é então o doutor? - disse a voz com uma grande expansão de alívio. - Mas quem são esses cavalheiros e o que querem?
Estávamos conscientes de estarmos a ser escrutinados no escuro.
- Sim, sim, está tudo bem - disse a voz por fim. - Podem subir, e lamento se as minhas precauções lhes desagradam.
Reacendeu o bico de gás da escada enquanto falava, e diante de nós vimos um homem de aspecto singular. A sua aparência, tanto como a sua voz, demonstrava o seu desequilíbrio nervoso. Era muito gordo, mas aparentemente fora ainda mais gordo, de modo que a pele lhe caía do rosto em bolsas flácidas de rugas, como os beiços de um sabujo. Era de aspecto doentio e os cabelos finos e cor de areia pareciam eriçados pela intensidade da sua emoção. Tinha na mão uma pistola, que meteu no bolso enquanto avançávamos.
- Boa noite, Mr. Holmes - disse ele. - Creia que lhe estou muito grato por ter vindo. Ninguém carece mais do seu conselho do que eu. Penso que o Dr.