As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 8: O Paciente Internado Pág. 182 / 274

- Bem, é perfeitamente claro que há dois homens... mais talvez, mas pelo menos dois, que estão resolvidos, por qualquer motivo, a apanhar esse Blessington. Não tenho a menor dúvida de que tanto na primeira como na segunda ocasião o jovem esteve no quarto de Blessington enquanto o seu cúmplice, por meio de um plano engenhoso, impediu o médico de interferir.

- E a catalepsia?

- Uma imitação fraudulenta, Watson, embora eu não ouse sugerir isso ao nosso especialista. É uma doença muito fácil de imitar. Eu próprio já a imitei.

- E então?

- Pela mais pura casualidade, Blessington não estava em qualquer das ocasiões. A razão para escolherem uma hora tão pouco vulgar para a consulta era terem a certeza de que não haveria outro paciente na sala de espera. Entretanto, aconteceu justamente que essa hora coincidiu com o giro habitual de Blessington, o que parece provar que não estavam lá muito familiarizados com os seus hábitos. Naturalmente, se a visita tivesse sido só para roubar, teria havido pelo menos alguma tentativa de busca. Além disso, posso ler nos olhos de um homem quando é pela sua própria pele que ele receia. É inconcebível que aquele indivíduo tivesse arranjado dois inimigos vingativos, como esses parecem ser, sem o saber. Afirmo, portanto, estar certo de que ele sabe quem são os dois homens, mas, por razões particulares, não o quer dizer. É possível que amanhã o encontremos em disposição mais comunicativa.

- Não haverá outra alternativa - sugeri -, grotescamente improvável, sem dúvida, mas ainda assim concebível? Não podia toda a história do russo cataléptico e do filho ser uma trama do Dr. Trevelyan, que, para fins particulares, esteve nos aposentos de Blessington?

Vi pela luz do gás que Holmes teve um sorriso divertido ao ouvir a minha brilhante saída.





Os capítulos deste livro