Holmes permaneceu por algum tempo em profunda reflexão.
- Se me dá licença - disse por fim -, gostaria de ir lá acima examinar o caso.
Subimos ambos, seguidos pelo médico.
Foi com um quadro pavoroso que deparámos ao entrar no quarto. Refiro-me à impressão de flacidez que dava Blessington. Baloiçando no gancho, estava tão exagerado e esticado que quase não parecia uma pessoa. Tinha o pescoço puxado como o de uma galinha depenada, tornando o resto obeso e antinatural por contraste. Estava vestido apenas com uma comprida camisa de dormir e as suas ancas inchadas e os pés toscos projectavam-se rígidos por debaixo. Ao seu lado estava um inspector policial, de expressão inteligente, que tomava notas numa agenda.
- Ah! Holmes - disse ele, quando o meu amigo entrou. Estou contente por o ver.
- Bom dia, Lanner - respondeu-lhe Holmes. - Não me julgará um intruso, estou certo. Já ouviu falar nos factos que culminaram neste acontecimento?
- Sim. Ouvi algumas coisas.
- Já formou opinião?
- Até onde posso perceber, o homem estava apavorado. A cama foi usada, como vê. Aqui está uma cova bastante funda. O senhor sabe que é mais ou menos às cinco da manhã que os suicídios são mais frequentes. Foi cerca dessa hora que ele se enforcou. Parece ter sido um caso deliberado.
- Eu diria que ele morreu mais ou menos às três horas, a julgar pela rigidez dos músculos - disse eu.
- Observou alguma coisa de especial no quarto? - perguntou Holmes.