- Guardam objectos de valor em casa ou alguma coisa que atraia os ladrões?
- Não há nada de valor.
Holmes prosseguiu a sua inspecção em redor do edifício, de mãos nos bolsos, com o seu habitual ar negligente.
- A propósito - disse Joseph Harrison -, há ali um sítio onde se pode verificar que o sujeito escalou a cerca. Ora venham aqui.
O jovem levou-nos até a um lugar onde a parte de cima da grade de madeira estava fendida, com um pedaço de tábua a soltar-se. Holmes arrancou-o e examinou-o com atenção.
- Está convencido de que isto foi feito a noite passada? Parece antigo, não é verdade?
- Sim, realmente parece.
- Para aquele lado também não há sinais, de modo que creio que não encontraremos mais nada por aqui. Voltemos ao quarto para discutirmos o assunto.
Percy Phelps andava muito devagar, apoiando-se ao braço do seu futuro cunhado; Holmes, pelo contrário, quase correu através da relva, de maneira que, quando os outros chegaram, já nós estávamos à janela do quarto.
- Miss Harrison - começou Holmes com veemência -, é necessário que fique onde está durante todo o dia. Que nada a desvie desse lugar onde agora se encontra. Isto é da mais vital importância.
- Com certeza, se assim o exige, Sr. Holmes - respondeu a rapariga com surpresa.
- Quando se for deitar, tranque a porta deste quarto pelo lado de fora e guarde a chave. Prometa que o faz.
- Mas, então, e Percy?
- Irá connosco a Londres.
- Então tenho de ficar aqui?
- Faça-o por ele. Pode ser de grande ajuda. Vamos! Prometa!
Miss Harrison fez um gesto de assentimento, no momento preciso em que os outros entravam.
- Por que razão estás aí sentada, e com essa cara, Annie? - interpelou-a o irmão.