As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 239 / 274

- Guardam objectos de valor em casa ou alguma coisa que atraia os ladrões?

- Não há nada de valor.

Holmes prosseguiu a sua inspecção em redor do edifício, de mãos nos bolsos, com o seu habitual ar negligente.

- A propósito - disse Joseph Harrison -, há ali um sítio onde se pode verificar que o sujeito escalou a cerca. Ora venham aqui.

O jovem levou-nos até a um lugar onde a parte de cima da grade de madeira estava fendida, com um pedaço de tábua a soltar-se. Holmes arrancou-o e examinou-o com atenção.

- Está convencido de que isto foi feito a noite passada? Parece antigo, não é verdade?

- Sim, realmente parece.

- Para aquele lado também não há sinais, de modo que creio que não encontraremos mais nada por aqui. Voltemos ao quarto para discutirmos o assunto.

Percy Phelps andava muito devagar, apoiando-se ao braço do seu futuro cunhado; Holmes, pelo contrário, quase correu através da relva, de maneira que, quando os outros chegaram, já nós estávamos à janela do quarto.

- Miss Harrison - começou Holmes com veemência -, é necessário que fique onde está durante todo o dia. Que nada a desvie desse lugar onde agora se encontra. Isto é da mais vital importância.

- Com certeza, se assim o exige, Sr. Holmes - respondeu a rapariga com surpresa.

- Quando se for deitar, tranque a porta deste quarto pelo lado de fora e guarde a chave. Prometa que o faz.

- Mas, então, e Percy?

- Irá connosco a Londres.

- Então tenho de ficar aqui?

- Faça-o por ele. Pode ser de grande ajuda. Vamos! Prometa!

Miss Harrison fez um gesto de assentimento, no momento preciso em que os outros entravam.

- Por que razão estás aí sentada, e com essa cara, Annie? - interpelou-a o irmão.





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