Que terá acontecido?
- Você está ferido, Holmes? - perguntei, quando o meu amigo entrou no quarto.
- Nada de importância; apenas uma esfoladela em consequência da minha própria estupidez - respondeu, dando-nos os bons-dias com um aceno de cabeça. E continuou, sem interrupção: - Este seu caso, Sr. Phelps, para falar verdade, é um dos mais obscuros que me foi dado investigar. -
- Receia que esteja para além do seu alcance?
- Não, foi uma experiência admirável.
- Essa ligadura faz-nos pensar em peripécias - interrompi. - Não nos conta o que aconteceu?
- Depois do pequeno-almoço, meu caro Watson. Lembre-se de que, esta manhã, respirei trinta milhas do ar puro do Surrey. Suponho que não houve resposta ao meu anúncio do cocheiro. Bem, não posso ter a pretensão de conseguir sempre resultados positivos.
A mesa estava já posta e, no momento exacto em que íamos tocar a campainha, Sra. Hudson entrou com o chá e o café. Poucos segundos depois, voltou com as travessas cheias e, então, dirigimo-nos para a mesa. Holmes estava esfomeado, eu, curioso, e Phelps, no mais sombrio estado de depressão.
- A Sra. Hudson portou-se à altura do momento - disse Holmes, destapando uma travessa de galinha com molho. - A sua arte culinária é um tanto limitada, mas, como escocesa, tem uma ideia bastante boa do que é um pequeno-almoço. Que quer você, Watson?
- Presunto com ovos.
- Óptimo. E o senhor, Mr. Phelps. Galinha com molho, ovos, ou quer servir-se à vontade?
- Obrigado. Sou incapaz de comer seja o que for.
- Oh! Vamos! Experimente o prato que está na sua frente.
- Obrigado. Não. Não me apetece nada.
- Bem, então - disse Holmes, com uma piscadela de olho malicioso -, apesar de não querer comer, creio que não fará objecções se lhe pedir para me servir.
