Consegui, por fim, persuadi-lo a seguir o meu conselho, embora soubesse que, devido à sua extrema excitação, era pouco provável que chegasse a dormir. A sua disposição de espírito era mesmo contagiosa, porque eu próprio passei metade da noite em claro, pensando no estranho problema e inventando centenas de hipóteses que se caracterizavam por ser, cada uma delas, mais impossível do que as outras.
Porque teria Holmes ficado em Woking? Porque exigiu que Miss Harrison ficasse no quarto do doente o dia inteiro? Porque não informara as pessoas de Briarbrae da sua intenção de ficar nas redondezas? Quando caí no sono, já altas horas, estava completamente esgotado e tão néscio como no princípio.
Eram sete horas quando acordei. Fui logo ao quarto de Phelps e encontrei-o pálido e exausto após uma noite de insónia. A sua primeira pergunta foi se Sr. Holmes já tinha chegado.
- Ele virá, como prometeu - respondi -, e nem um instante mais cedo nem mais tarde.
As minhas palavras estavam certas porque, pouco depois das oito horas, ouvimos um carro de praça que estacava à porta, trazendo certamente o nosso amigo. Assomámos à janela e pudemos então ver que tinha a mão esquerda ligada e que o seu semblante estava muito sombrio e pálido. Entrou, mas só pouco depois é que subiu.
- Tem o aspecto de um homem vencido - disse Phelps. Fui forçado a confessar que realmente assim era.
- Mas, apesar de tudo - acrescentei -, é possível que a chave do caso se encontre aqui na cidade.
Phelps deu um gemido.
- Não sei porquê - suspirou -, mas esperava tanto do seu regresso!
Mas a mão dele ontem não estava assim.