Phelps levantou a tampa. Mas, com um grito, ficou lívido, a olhar para o prato que acabara de destapar. Bem no centro, jazia um rolo de folhas de papel azul-acinzentado. Agarrou-o e devorou-o com os olhos. Depois dançou como um doido pela sala, apertando-o contra o peito e gritando de alegria. Por fim caiu numa poltrona, tão pálido e exausto devido às emoções que foi necessário enfiar-lhe pela garganta um gole de aguardente para que não desmaiasse.
- Aí está, aí está! - disse Holmes, dando-lhe palmadas no ombro. - Reconheço que foi uma triste ideia restituir-lhe os documentos assim, mas Watson pode confirmar que eu não posso resistir à tentação do dramático.
Phelps agarrou-lhe a mão e beijou-lha.
- Deus lhe pague! - exclamou. - O senhor salvou a minha honra,
- É verdade, mas a minha estava também em jogo - respondeu Holmes. - Garanto-lhe que para mim é tão penoso fracassar num caso como para si cometer um erro crasso numa missão que lhe foi confiada.
Phelps meteu o precioso documento na algibeira interior do casaco. - Sinto que não devia voltar a interromper o seu pequeno-almoço, mas morro de curiosidade por saber como conseguiu os papéis e onde estavam eles.
Sherlock Holmes engoliu uma chávena de café e atacou, em seguida, um prato de presunto com ovos. Por fim, levantou-se da mesa, acendeu o cachimbo e sentou-se numa poltrona.
- Primeiro, dir-lhe-ei o que fiz, depois, como o fiz - começou Holmes. - Depois de os deixar na estação, fui dar um passeio encantador, através dos campos maravilhosos do Surrey, até um lugarejo chamado Ripley, onde tomei o meu chá numa estalagem e me abasteci, à cautela, com um embrulho de sanduíches e uma provisão na minha garrafa.