- Aquele não é o meu cavalo - bradou o coronel. - Aquele animal não tem um único pêlo branco no corpo. Qual é a sua ideia, Sr. Holmes?
- Bem, só nos resta ver como ele se comporta - respondeu o meu amigo, imperturbável.
E olhou, durante alguns minutos através do meu binóculo, gritando, por fim:
- Óptimo! Que excelente arrancada. Lá vêm eles contornando a curva.
Do nosso carro tínhamos uma vista soberba por sobre toda a pista.
Os seis cavalos corriam tão juntos que se podia cobri-los com um tapete. Mas, meia pista andada, o amarelo do estábulo de Mapleton apareceu à frente. Pouco antes, o galope do Desborough era um autêntico tiro, mas o cavalo do coronel, investindo com ímpeto, passou o poste final com uns bons seis corpos de avanço sobre o seu rival. O Iris, do duque de Balmoral, não passou de um mau terceiro lugar.
- Seja como for, a corrida é minha - disse ofegante o coronel, passando a mão pelos olhos. - Mas confesso que não percebo nada do que se está a passar. Não acha, Sr. Holmes, que já manteve, durante demasiado tempo, o seu mistério?
- Tem razão, coronel. Vou-lhe contar tudo. Mas primeiro vamos ver o cavalo. Aí está ele. - Continuou quando entramos na cerca de pesagem, onde só os proprietários dos animais ou as pessoas amigas eram admitidas.
- A única coisa que o senhor tem a fazer, coronel - disse Holmes com ênfase, acariciando a cabeça do animal- é lavar-lhe a cabeça e a perna com vinho e verá aparecer o mesmo Estrela de Prata de sempre.
- O senhor faz-me perder o fôlego.
- Encontrei-o nas mãos dum trapaceiro e tomei a liberdade de o fazer correr como estava estipulado.
- Meu caro amigo, o senhor fez maravilhas.