O cavalo está óptimo. Para falar a verdade, nunca esteve melhor. Devo-lhe milhares de desculpas por ter duvidado do seu talento. O senhor prestou-me um inestimável serviço 'ao descobrir o meu cavalo. Mas prestar-me-ia outro ainda maior se conseguisse deitar a mão ao assassino de John Straker.
- Já o fiz também - disse Holmes, calmamente. O coronel e eu olhámo-lo com espanto.
- Já o apanhou? Onde está ele então?
- Aqui.
- Aqui, onde?
Aqui mesmo, ao pé de mim, neste momento.
O coronel corou de raiva e as palavras saíram-lhe firmes:
- Reconheço perfeitamente que lhe devo favores, Sr. Holmes, mas tenho de lhe lembrar que isso que o senhor acaba de insinuar ou é uma brincadeira de mau gosto ou é um insulto.
Sherlock Holmes sorriu.
- Afianço-lhe que não o associei ao crime, coronel. O verdadeiro assassino está justamente atrás de si!
O militar deu um passo atrás e deitou a mão ao pescoço lustroso do puro-sangue.
- O cavalo! - gritámos, o coronel e eu.
- Sim, o cavalo. E a sua culpa pode ser atenuada se tomarmos em linha de conta que se limitou a defender-se. John Straker era indigno da sua confiança, coronel. Mas vai soar a campainha e, se bem me parece, estou aqui para ganhar qualquer coisa na próxima corrida. Deixarei para ocasião mais propícia a explicação completa dos acontecimentos.
No nosso regresso a Londres, ocupávamos todo um canto da carruagem pullman do comboio da noite. Quer para o coronel, quer para mim, foi uma viagem muito curta, tão interessados e absorvidos íamos com o relato de Holmes sobre os acontecimentos que haviam ocorrido em Dartmoor naquela noite de segunda-feira, nos estábulos, e dos meios de que se servira para os descobrir.
