O dono é obviamente um homem possante, canhoto, com uma excelente dentadura, descuidado nos seus hábitos e sem ter que se preocupar em poupar dinheiro
O meu amigo atirou essa informação de uma forma muito improvisada, mas reparei que levantou o seu olhar para verificar se eu tinha seguido o seu raciocínio.
- Você pensa que um homem deve estar bem na vida se utiliza um cachimbo de sete shilling, - disse eu.
- Esta é uma mistura Grosvenor, de oito pence por onça – respondeu Holmes, batendo com o dedo na palma da mão. – Como ele poderia obter um excelente tabaco por metade do preço é óbvio que não precisa de poupar dinheiro.
- E os outros pontos?
- Ele tem o hábito de acender o cachimbo em lamparinas e bicos de gás. Pode verificar que está bastante carbonizado em um dos lados. Um fósforo não faria isto. Mas não é possível acender o cachimbo numa lamparina sem chamuscar um dos lados. E só esta chamuscado no lado direito. Daí deduzi que o homem é canhoto. Você, que segura o seu cachimbo com a mão direita, se o for a acender na chama de uma lamparina, ou de um bico de gás, irá encostar o lado esquerdo do cachimbo à chama. Poderá eventualmente fazer algumas vezes ao contrário, mas não a maior parte das vezes. O canhoto faz precisamente o contrário. Depois temos o âmbar trincado. É necessário um homem robusto e com uma dentadura saudável para fazer isso. Mas, se não me engano, estou a ouvi-lo subir as escadas, e então teremos algo mais interessante para estudar do que o seu cachimbo.
Um instante mais tarde a nossa porta abriu, e um homem alto e jovem entrou na sala. Estava bem vestido, embora de forma discreta, usando um fato cinza-escuro e segurava na mão um chapéu castanho do tipo paramilitar (wide-awake).