Tenho confiança que poderemos fazer o mesmo consigo. Posso pedir-lhe então, uma vez que o tempo pode ser de fundamental importância, que me forneça os factos essenciais do seu caso, sem mais demoras.
O nosso visitante passou novamente a mão pela testa, como que se achasse amargamente difícil. Por cada gesto que fazia eu podia ver que era um homem reservado, autocontido, com uma pitada de orgulho, do tipo que mais provavelmente esconde as suas feridas do que as expõem. Então, de repente, com um gesto forte da sua mão fechada, liberta-se da sua reserva e começa.
- Os factos são estes, Sr. Holmes – disse ele. – Sou um homem casado há já três anos. Durante este tempo, a minha esposa e eu amámo-nos sempre e vivemos muito felizes. Nunca tivemos uma diferença, nem uma, nem em pensamento, palavras ou acções. E agora, desde segunda-feira, surgiu de repente uma barreira entre nós, e eu penso que há algo na sua vida e no seu pensamento que eu conheço tão pouco como se ela fosse uma mulher que passa por mim na rua. Estamos distantes, e eu quero saber porquê.
»Há uma coisa que eu quero deixar claro antes de continuar, Sr. Holmes. Effie ama-me. Que não haja quanquer dúvida sobre isso. Ela ama-me com toda a sua alma e coração, e nunca mais do que agora. Eu sei-o. Eu sinto-o. E não quero discutir sobre isso. Um homem sabe facilmente quando uma mulher o ama. Mas há este segredo entre nós, e nunca poderemos ser os mesmos até que isto fique esclarecido.
- Tenha a bondade de me facultar os factos, Sr. Munro – disse Holmes, denotando alguma impaciência.
- Vou-lhes contar o que sei sobre a história de Effie. Ele era viúva quando a conheci, embora bastante jovem – apenas vinte e cinco.