As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 3: O Escriturário da Corretagem Pág. 57 / 274

Entretanto, só quando já estávamos todos no vagão de primeira classe e com a nossa viagem a Birmingham bem começada, é que pude conhecer a dificuldade que o obrigara a procurar Sherlock Holmes.

- Vamos ter setenta minutos de viagem - observou Holmes. Quero, Sr. Pycroft, que conte ao meu amigo a sua interessante experiência, exactamente como ma contou a mim, ou, se possível, com mais pormenores. Ser-me-á útil ouvir outra vez a sucessão dos acontecimentos. É um caso, Watson, que pode ter muita ou pouca importância, mas que pelo menos apresenta essas figuras raras, características e outrées que são tão caras a si como a mim. Agora, Sr. Pycroft, não o interromperei mais.

O nosso jovem companheiro olhou para mim com um piscar de olhos.

- O pior da história - disse - é que me apresento como o mais abominável idiota. Entretanto, pode ser que tudo corra bem, e não percebo como poderia ter agido de outra maneira. Mas, se eu tivesse perdido o emprego sem nenhuma compensação, sentiria que fora um palerma. Não sou muito bom para contar histórias, Sr. Watson, mas é mais ou menos o seguinte:

«Eu estava acostumado ao meu emprego na Coxon e Woodhouse, em Draper's Gardens, mas a firma foi abalada no começo da Primavera por causa do empréstimo venezuelano, como sem dúvida se lembra, e deu-se um terrível colapso. Tinha lá estado cinco anos e o velho Coxon propôs-me uma excelente proposta de rescisão quando chegou a falência, mas nós, os escriturários, ficámos todos à margem: vinte e seis de nós. Tentei aqui e ali, mas havia tantos outros rapazes na mesma situação que por muito tempo foi um completo fracasso. Eu recebia três libras por semana da casa Coxon e tinha economizado setenta, mas depressa as gastei.





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