Em breve atingi o máximo das minhas dificuldades e já não podia arranjar nem selos para responder aos anúncios nem sobrescritos onde os colar. Gastei os meus sapatos subindo os degraus dos escritórios e parecia mais longe do que nunca de conseguir um emprego.
» Por fim, soube de uma vaga na casa Mawson e Williams, a grande firma de corretagem de Lombard Street. Suponho que não se interessa muito por negócios da bolsa, mas posso afirmar-lhe que é quase a casa mais rica de Londres. O anúncio devia ser respondido somente por carta. Mandei-a com as minhas referências e aptidões, mas sem a menor esperança de conseguir o emprego. Veio a resposta na volta do correio, dizendo que se eu aparecesse na segunda-feira poderia iniciar o meu trabalho imediatamente, uma vez que a minha aparência satisfizesse. Ninguém sabe como estas coisas acontecem. Há pessoas que dizem que o gerente meteu a mão num monte de cartas e tirou a primeira que saiu. Seja como for, essa vez era a minha, e eu nunca me senti mais feliz. O salário era uma libra, com um aumento semanal, e o trabalho quase o mesmo da casa Coxon.
» E agora chego à parte estranha do negócio. Encontrava-me no meu quarto, em Hampstead 17, Potter's Terrace. Estava sentado a fumar, naquela mesma tarde em que me havia sido prometida a colocação, quando a proprietária subiu com um cartão onde estava impresso: «Arthur Pitmer, agente de finanças.» Jamais tinha ouvido aquele nome e não pude compreender o que poderia querer de mim. Mas pedi que o mandasse entrar. É uma pessoa de estatura média, cabelos e olhos escuros e barba preta, com um laivo lustroso no nariz. Possuía maneiras vivas e falava com astuciosa precisão, como homem que sabe o valor do tempo».