As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 6 / 274

A janela já se encontrava aberta e Hunter estava lá dentro, sentado ao lado de uma mesinha. Ela começara a narrar-lhe o que acontecera quando o desconhecido apareceu de novo.

«- Boa noite - disse, olhando pela janela -, eu queria falar consigo.»

A rapariga jurou que, enquanto ele falava, notou o canto de um papelinho branco dobrado que lhe saía da mão fechada.

«- Que negócio traz o senhor aqui?» - perguntou o rapaz.

«- É negócio que o fará meter ao bolso algum dinheiro» - disse o outro. «- Tem aí dentro dois cavalos para a Taça de Wessex: o Estrela de Prata e o Bayard. Dê-me uma informação exacta e não ficará prejudicado. É certo que no peso o Bayard podia dar ao outro cem jardas em duzentos metros e que o estábulo apostou nele todo o seu dinheiro?»

«- Então o senhor é um desses amaldiçoados espiões» - gritou o rapaz. «- Eu lhe mostrarei como os tratamos aqui em King's Pyland.» - Pôs-se de pé de um salto e precipitou-se para o estábulo a fim de soltar o cão. A rapariga correu para casa, mas ao correr olhou para trás e viu que o estranho estava debruçado sobre a janela. Todavia, um minuto depois, quando Hunter saiu com o cão já ele desaparecera. E, embora o rapaz corresse à volta dos edifícios, não conseguiu descobrir o menor sinal dele.»

- Um momento! - pedi eu. - O rapaz do estábulo, ao correr para fora, não teria deixado a porta aberta?

- Excelente, Watson - exclamou o meu companheiro. - A importância do facto impressionou-me tanto que mandei ontem um telegrama especial para Dartmoor para esclarecer o assunto. O rapaz trancou a porta antes de sair. A janela, posso acrescentar, não era suficientemente grande para um homem passar.





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