As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 5 / 274

Alguns minutos depois das nove, a criada, Edite Baxter, desceu ao estábulo com a ceia dele, que consistia numa travessa de carneiro com molho. Não levou nenhum líquido porque no estábulo havia uma torneira, e a regra era que o rapaz de serviço não podia beber outra coisa. A criada tinha consigo uma lanterna porque estava muito escuro e o caminho atravessava um terreno baldio.

Edite Baxter estava a cerca de trinta jardas do estábulo quando um homem saiu da escuridão e lhe pediu que parasse. Ao entrar no círculo de luz amarela projectada pela lanterna, viu que era um homem de aparência distinta. Vestia um fato cinzento de dois tons e tinha um boné de pano. Usava polainas e levava uma bengala pesada com castão. Ela ficou fortemente impressionada com a extrema palidez da sua face e com o nervosismo das suas maneiras. Segundo pensava, a idade dele seria de pouco mais de trinta anos.

«- Pode dizer-me onde estou?» - perguntou. «- Já estava quase resolvido a dormir na charneca quando vi a luz da sua lanterna.»

«- O senhor está pertinho dos estábulos de treino de King's Pyland» - disse-lhe ela.

«- Oh! Não me diga! Que golpe de sorte!» - exclamou ele. «- Estou a ver que um dos rapazes do estábulo dorme ali sozinho toda a noite. Talvez isso que aí leva seja a ceia dele. Ora estou certo de que não será tão orgulhosa que não queira ganhar dinheiro para um vestido novo, não é verdade?»

E tirou do bolso do colete um pedaço de papel branco dobrado.

«- Faça com que o rapaz receba isto esta noite e terá o mais belo vestido que o dinheiro possa comprar.»

Ela ficou assustada com a exaltação das suas maneiras e correu para a janela pela qual costumava passar a comida, deixando-o para trás.





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