Edite Baxter estava a cerca de trinta jardas do estábulo quando um homem saiu da escuridão e lhe pediu que parasse. Ao entrar no círculo de luz amarela projectada pela lanterna, viu que era um homem de aparência distinta. Vestia um fato cinzento de dois tons e tinha um boné de pano. Usava polainas e levava uma bengala pesada com castão. Ela ficou fortemente impressionada com a extrema palidez da sua face e com o nervosismo das suas maneiras. Segundo pensava, a idade dele seria de pouco mais de trinta anos.
«- Pode dizer-me onde estou?» - perguntou. «- Já estava quase resolvido a dormir na charneca quando vi a luz da sua lanterna.»
«- O senhor está pertinho dos estábulos de treino de King's Pyland» - disse-lhe ela.
«- Oh! Não me diga! Que golpe de sorte!» - exclamou ele. «- Estou a ver que um dos rapazes do estábulo dorme ali sozinho toda a noite. Talvez isso que aí leva seja a ceia dele. Ora estou certo de que não será tão orgulhosa que não queira ganhar dinheiro para um vestido novo, não é verdade?»
E tirou do bolso do colete um pedaço de papel branco dobrado.
«- Faça com que o rapaz receba isto esta noite e terá o mais belo vestido que o dinheiro possa comprar.»
Ela ficou assustada com a exaltação das suas maneiras e correu para a janela pela qual costumava passar a comida, deixando-o para trás.