As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 3: O Escriturário da Corretagem Pág. 65 / 274

«- Levei bastante tempo» - disse.

«- E agora - disse -, quero que me faça uma lista das casas de móveis, porque todas vendem loiças também.

«- Muito bem.

«- E pode vir amanhã às sete da noite para que eu saiba como vai indo o trabalho. Não trabalhe de mais. Umas duas horas à noite no Day's Music-Hall depois do seu trabalho não o prejudicará.»

» Ria quando falava e vi, com emoção, que o seu segundo dente do lado esquerdo tinha sido muito mal incrustado de ouro.»

Sherlock Holmes esfregou as mãos com deleite e eu olhei com espanto para o nosso cliente.

- O senhor pode ficar surpreendido, Dr. Watson, mas é assim. Quando falava com o outro, em Londres, no momento em que se riu por eu não ir para a casa Mawson, notei que tinha um dente incrustado daquela maneira. Quando comparei a mesma voz e a mesma figura, alteradas apenas pelo que uma navalha ou uma cabeleira podem fazer, não duvidei de que era o mesmo homem. É claro que se espera que dois irmãos sejam iguais, mas não que tenham o mesmo dente incrustado do mesmo modo. Ele curvou-se para mim e encontrei-me na rua completamente transtornado. De regresso ao hotel meti a cabeça numa bacia de água fria e tentei resolver o problema. Por que me teria ele mandado de Londres para Birmingham? Por que teria ido antes de mim? E por que teria escrito uma carta para si próprio? Era tudo muito difícil e eu não podia tirar nenhuma conclusão. E então veio-me de repente à ideia de que o que eram trevas para mim podia ser luz para Sherlock Holmes. E apenas tive tempo de me dirigir pelo comboio da noite à cidade para o ver esta manhã e trazê-los comigo para Birmingham.