- Por que diabo estará ele a bater na sua própria porta? - exclamou o escriturário.
Ouviu-se novamente e mais alto o «rat-tat-tat». Todos olhámos ansiosamente para a porta fechada. Encarando Holmes, vi que o rosto se lhe tornava rígido e que se inclinava um tanto para a frente com intensa emoção. Então ouviu-se de repente um som cavernoso, gorgorejante, e um animado tamborilar no madeiramento. Holmes precipitou-se violentamente para a sala e empurrou a porta. Estava trancada por dentro. Seguindo-lhe o exemplo, arremessámo-nos contra ela com todo o nosso peso. Um gonzo quebrou-se, depois o outro cedeu e a porta veio abaixo com um grande estalo. Precipitámo-nos para ela e entrámos numa sala interior.
Estava vazia.
Mas o logro foi apenas momentâneo. Num canto, o canto mais próximo da sala que deixáramos, havia uma segunda porta.
Holmes arremessou-se a ela e abriu-a. Um casaco e um colete estavam no soalho, e, num gancho atrás da porta, com os suspensórios em volta do pescoço, estava pendurado o director da Franco-Midland Hardware Company. Tinha os joelhos encolhidos, e a sua cabeça pendia num medonho ângulo sobre o corpo; o bater dos tornozelos contra a porta é que fazia o barulho que interrompera a nossa conversa. Num instante, agarrei-o pela cintura e pu-lo de pé, enquanto Holmes e Pycroft lhe desatavam as faixas elásticas que haviam desaparecido entre as rugas lívidas da pele. Em seguida, levámo-lo para a outra sala, onde ficou estendido, com o rosto cor de ardósia, agitando os lábios para dentro e para fora a cada inspiração - destroços medonhos de tudo o que tinha sido cinco minutos antes.
- O que lhe parece, Watson? - perguntou Holmes.
Curvei-me para o examinar.