As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 3: O Escriturário da Corretagem Pág. 70 / 274

O seu pulso estava fraco e intermitente, mas a respiração aumentava, e havia uma pequena contracção das pálpebras que mostrava uma ténue faixa branca do globo ocular na parte interior.

- Escapou por um triz - respondi-lhe -, mas agora viverá. Abram aquela janela e dêem-me a garrafa de água fria. - Afrouxei-lhe o colarinho, deitei-lhe água fria no rosto, levantei-lhe e baixei-lhe os braços até produzir uma longa e natural respiração.

- Agora é só questão de tempo - disse, afastando-me dele. Holmes ficou de pé ao lado da mesa, com as mãos mergulhadas nos bolsos das calças e o queixo sobre o peito.

- Suponho que agora devemos chamar a polícia - disse -, mas todavia confesso que gostaria de lhes dar uma explicação completa quando viessem.

- É um mistério inexplicável para mim - exclamou Pycroft, coçando a cabeça. - Tudo o que me quiseram fazer saiu ao contrário, e então...

- Basta! É tudo muito claro - disse Holmes com impaciência. - Menos este último gesto repentino.

- Compreende o resto, então?

- Creio que está perfeitamente claro. O que diz, Watson?

Encolhi os ombros.

- Confesso que não percebo – disse eu.

- Percebe, sim, se começar por considerar que os acontecimentos só podem ter uma conclusão.

- E o que faz com eles?

- Oh! tudo gira à volta de dois pontos: O primeiro foi fazer Pycrott escrever uma declaração por meio da qual entrou ao serviço desta firma sem-tom-nem-som. Não percebe como isto é sugestivo?

- Receio não o atingir.

- Ora, por que teriam querido que ele o fizesse? Não por uma questão comercial, porque esses arranjos são habitualmente verbais e não há razão para que esta fosse uma excepção. Não percebe, meu jovem amigo, que estavam muito ansiosos por obter uma amostra da sua caligrafia, e que não havia outro meio de o conseguir?

- E para quê?

- Aí é que está.





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