Abandonei tudo, é claro, e dirigi-me mais uma vez para o Norte.
Ele esperava-me na estação com uma charrette e vi num relance que os últimos dois meses tinham sido penosos para ele.
Estava emagrecido e preocupado e tinha perdido aquela maneira espalhafatosa e jovial que lhe era peculiar.
«- O pai está a morrer!» - foram as suas primeiras palavras.
«- Impossível!». - gritei. «- O que tem ele?»
«- Apoplexia. Choque nervoso. Todo o dia tem estado perto do fim. Duvido que o encontremos vivo.»
Fiquei, como pode imaginar, horrorizado com estas notícias inesperadas.
«- Qual foi a causa?» - perguntei.
«- Ah! aí é que está. Suba e conversaremos a este respeito enquanto caminhamos. Lembra-se daquele indivíduo que chegou na noite antes da sua partida?
«- Perfeitamente.
«- Sabe quem admitimos em nossa casa naquele dia?
«- Não faço a menor ideia.»
«- Foi o demónio, Holmes!» - exclamou ele. Olhei para ele com espanto.
«- Sim. Foi o diabo em pessoa. Não tivemos mais uma hora de paz, nem uma. O pai nunca mais levantou a cabeça desde aquela noite. E agora a vida foge-lhe e o seu coração extingue-se, por causa daquele maldito homem.
«- Que poder tem ele então?
«- Ah! Isso é que eu gostaria muito de saber. O meu bondoso, caridoso e nobre velho pai! Como teria caído nas garras de tal rufião? Mas estou contente por você ter vindo, Holmes. Confio muito no seu parecer e discrição e sei que me dará o melhor conselho.»
Corríamos por uma estrada plana e branca, com a longa extensão dos Broads à nossa frente, a brilhar sob a luz vermelha de um sol poente. De um pequeno bosque, à esquerda, já podíamos divisar as altas chaminés e o porta-bandeira que assinalavam a habitação do nobre.