Mac Murdo simulou perplexidade e, após uma breve hesitação, tirou da algibeira um recorte de jornal, amarrotado.
- Seria capaz de trair um irmão?
- Parto-lhe a cara se se atreve a repetir isso - gritou Mac Ginty, furioso.
- Tem razão, Conselheiro. Falei sem reflectir. Estou certo de, que estarei seguro nas suas mãos. Leia este recorte.
Mac Ginty passou os olhos sobre o relato do assassínio a tiros de um certo Jonas Pinto, ocorrido em Chicago, no «Lake Saloon», durante a semana de Ano-Novo de 1874.
- É obra sua? - sondou, devolvendo o recorte a Mac Murdo.
Este fez, com a cabeça, um sinal afirmativo.
- Por que motivo o matou?
- Eu andava a ajudar o Banco do Estado a fazer dólares, embora os da minha lavra não tivessem um ouro tão bom como os dele. Mas eram perfeitos na forma e o seu fabrico saía-me mais barato. Esse Pinto cooperava comigo a pô-los em circulação.
- Que aconteceu?
- Esqueceu-se de dividir os lucros comigo. Quando dei por isso, prometeu pagar-me, num futuro próximo, mas, como nunca se sabe o que será o dia de amanhã, achei melhor eliminá-lo e fugir para esta região carbonífera.
-Porquê, para aqui?
- Porque li nos jornais que, nestas paragens ninguém se metia na vida dos outros.
Mac Ginty soltou uma gargalhada.
- Estou a ver. Você começou por ser falsário, tornou-se assassino e veio para aqui porque pensou que seria bem recebido. Foi assim?
- Mais ou menos - confessou Mac Murdo.
- Talvez consiga ir longe... Ainda sabe fabricar dólares?
Mac Murdo tirou do bolso meia dúzia de moedas que pareciam de ouro.
- Estes nunca passaram pela Casa da Moeda de Washington - afirmou.
- A sério? - estranhou Mac Ginty, pegando num «dólar de ouro», com a mão peluda, como a de um gorila.