O Vale do Terror - Cap. 3: Capítulo 3 – A Tragédia de Birlstone Pág. 26 / 172

A vela ardia no castiçal, em cima da mesa. Fui eu quem acendeu o candeeiro, alguns minutos depois.

- Viu alguém?

- Não. Ouvi os passos de Mrs. Douglas, que descia a escada e saí do quarto a fim de impedi-la de ver esta cena horrorosa. Mrs. Allen, a governanta, veio buscá-la. Ames apareceu e voltámos imediatamente à sala.

- Mas ouvi dizer que a ponte levadiça se mantém levantada toda a noite.

- Sim, esteve levantada até ao momento em que eu a baixei.

- Como poderia o assassino ter fugido? É absurdo pensar em homicídio! Mr. Douglas deve ter-se suicidado.

- Foi o que pensámos a princípio. Entretanto, veja!

Barker afastou a cortina e mostrou a janela completamente aberta.

- E observe isto - acrescentou, baixando o candeeiro e expondo uma mancha de sangue, em forma de sola de sapato, sobre o peitoril de madeira. - Alguém se deteve ali ao sair.

- Quer dizer que alguém atravessou o fosso a vau?

- Justamente.

- Nesse caso, se o senhor apareceu na sala, cerca de meio minuto após o crime, o assassino devia encontrar-se ainda no fosso.

- Sem dúvida. Lamento não ter corrido logo à janela. Isso não me ocorreu, porque o reposteiro encobria-a, como o pode verificar. Ouvi então, os passos de Mrs. Douglas e não podia deixá-la entrar na sala. Seria um choquei terrível para ela.

- Faço ideia! - comentou o médico, olhando para a cabeça espatifada e para as chagas medonhas produzidas pelo tiro. - Desde o desastre ferroviário de Birlstone que não me lembro de ferimentos como estes.

- Mas, espere... - interrompeu o sargento da Polícia que ainda estava a observar a janela aberta. - Está certo admitir-se que o homem fugiu, passando o fosso a vau. Contudo como conseguiu entrar na casa, se a ponte se encontrava levantada?

- Esse é o problema! - considerou Barker.





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