É um homem que pode atrair a atenção das mulheres. Ele admite que o morto era ciumento e talvez saiba, melhor que qualquer outro, os motivos desse ciúme. E depois, aquele caso da aliança... é uma coisa difícil de engolir. O homem que arranca da mão de um cadáver o anel nupcial. Que diz a isto, Mr. Holmes?
O meu amigo permanecera sentado, com a cabeça apoiada nas mãos, imerso em profunda meditação. Levantou-se e tocou à campainha.
- Ames - perguntou ao mordomo, ao vê-lo surgir, - onde se encontra Mr. Barker neste momento?
- Vou ver, Sir.
Regressou dentro de breves instantes e informou que Mr. Barker se encontrava no jardim.
- Lembra-se, Ames, como estava calçado Mr. Barker, ontem, à noite, quando o encontrou no gabinete?
- Perfeitamente, Mr. Holmes. Calçava um par de chinelas. Eu próprio lhe trouxe os sapatos, quando saiu para avisar a Polícia.
- Onde estão agora essas chinelas?
- Debaixo de uma cadeira, no vestíbulo.
- Muito bem, Ames. Naturalmente precisamos de saber quais são as pegadas de Mr. Barker, para distingui-las das que provenham de pessoas de fora.
-Sim, senhor. Devo dizer-lhe que notei que as suas chinelas estavam manchadas de sangue... como aliás, também as minhas.
- O que é natural, dadas as condições da sala. Bem, Ames, se precisarmos de si, tocaremos à campainha.
Poucos minutos depois, estávamos no gabinete.
Holmes trouxera consigo as chinelas encontradas no vestíbulo. Como Ames dissera, ambas as solas se achavam manchadas de sangue.
- Estranho! - murmurou Holmes, aproximando-se da claridade da janela e examinando-as minuciosamente. - Na verdade muito estranho!
Inclinando-se, colocou a chinela sobre a marca de sangue do peitoril.