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OS ANJOS VINGADORES
Durante toda a noite atravessaram desfiladeiros intrincados e caminhos irregulares cobertos de rochas. Perderam-se por mais de uma vez, mas o conhecimento profundo das montanhas de Hope permitiu-lhes retomar novamente o trilho. Quando rompeu a manhã, uma paisagem de uma beleza selvagem espraiava-se à sua frente. Cercavam-nos, em todas as direcções, enormes picos cobertos de neve, olhando para o horizonte distante por cima dos ombros uns dos outros. Os taludes rochosos eram tão íngremes de ambos os lados que o lárice e o pinheiro pareciam suspensos sobre as suas cabeças, e bastava somente uma rajada de vento para os lançar por cima deles. Nem o medo era uma ilusão, porque o vale árido estava juncado de árvores e pedregulhos que tinham caído quase da mesma maneira. Mesmo quando passavam, um rochedo enorme caiu com um ruído áspero e dissonante, que despertou ecos nas gargantas silenciosas e assustou os cavalos exaustos, que desataram a galopar.
Enquanto o Sol aparecia lentamente no horizonte a leste, os cumes das altas montanhas ficaram resplandecentes, um após outro, como lanternas num festival, até se tornarem vermelhos e brilhantes. O magnífico espectáculo animou os três fugitivos e deu-lhes nova força. Pararam perto de uma torrente que brotava de uma ravina e deram de beber aos cavalos, enquanto eles tomavam um pequeno-almoço à pressa. Lucy e o pai teriam de bom grado descansado mais, mas Jefferson Hope foi inflexível.
- A esta hora já vêm no nosso encalço - disse ele. - Tudo depende da rapidez com que andarmos. Uma vez a salvo em Carson, podemos descansar para o resto das nossas vidas.
Durante todo esse dia avançaram penosamente através de desfiladeiros e, à tardinha, pensavam estar a mais de cinquenta quilómetros dos seus inimigos.