Todavia, tirou certamente as suas próprias conclusões, Gregson, antes de ter permitido isto.
- Tive tanto que fazer dentro de casa... - disse o detective, evasivamente. - O meu colega, Sr. Lestrade, está aqui. Confiei nele para tratar disso.
Holmes lançou-me um olhar e levantou as sobrancelhas sardonicamente.
- Com dois homens como você e Lestrade em campo, não haverá muita coisa que um terceiro grupo possa descobrir - disse ele.
Gregson esfregou as mãos de satisfação.
- Penso que fizemos tudo o que podia ser feito - respondeu ele -, se bem que seja um caso estranho e eu sabia que você gosta destas coisas.
- Não veio de cabriolé? - perguntou Sherlock Holmes.
- Não, sir.
- Nem Lestrade?
- Não, sir.
- Então vamos ver a sala. - Com esta observação inconsequente entrou na casa com grandes passadas, seguido por Gregson, cujo rosto denotava espanto.
Um pequeno corredor sem tábuas e coberto de pó dava para a cozinha e suas dependências. Abriam-se duas portas para a esquerda e para a direita. Era óbvio que uma delas estava fechada há muitas semanas. A outra pertencia à sala de jantar, que era o aposento em que ocorrera o misterioso caso. Holmes entrou e eu segui-o com aquela sensação deprimente no coração que a presença da morte inspira.
Era uma grande sala quadrada, que parecia maior por não ter mobília. Um papel grosseiro e brilhante adornava as paredes, mas em alguns sítios estava manchado de humidade e aqui e ali tinham-se descolado grandes tiras, que estavam pendentes, deixando à mostra o estuque amarelo. Em frente à porta estava uma lareira aparatosa, encimada por uma prateleira de imitação de mármore branco. A um canto desta estava colado o coto de uma vela de cera vermelha. A única janela que havia estava tão suja que a luz era esbatida e vaga, dando uma coloração cinzenta e baça a tudo; esta tornava-se mais intensa por causa da espessa camada de pó que cobria o aposento.
Mais tarde notei todos estes pormenores.