- Arthur Charpentier, alferes da Marinha de Sua Majestade - gritou Gregson, afectadamente, esfregando as mãos gordas e enchendo o peito de ar.
Sherlock Holmes soltou um suspiro de alívio e descontraiu-se, sorrindo.
- Sente-se e experimente um destes charutos - disse ele. - Estamos ansiosos por saber como conseguiu isso. Quer um pouco de uísque ou de água?
- Aceito - respondeu o detective. - O esforço tremendo por que passei nos últimos um ou dois dias fatigou-me. Não tanto o esforço físico, compreende, mas a tensão mental. Compreenderá isso, Sr. Sherlock Holmes, já que ambos somos trabalhadores intelectuais.
- Tem-me em demasiada consideração - disse Holmes, com ar sério. - Ouçamos como chegou a um resultado tão gratificante.
O detective sentou-se na cadeira de braços e pôs-se a fumar o charuto com comprazimento. Então, inesperadamente, deu uma palmada na coxa num acesso de alegria.
- O engraçado é que - gritou ele - aquele doido do Lestrade, que se tem na conta de muito esperto, seguiu a pista errada. Anda no encalço do secretário Stangerson, que tem tanto a ver com o crime como um recém-nascido. Tenho a certeza que, por esta altura, já o apanhou.
A ideia divertiu de tal maneira Gregson, que riu até sufocar.
- E como conseguiu a pista?
- Ah, vou-lhe contar tudo! Claro, Dr. Watson, isto fica só entre nós. A primeira dificuldade que tivemos de ultrapassar foi descobrir os antecedentes deste americano. Algumas pessoas teriam esperado até que respondessem aos seus anúncios, ou até que pequenos grupos se apresentassem e dessem voluntariamente informações. Esse não é o método de trabalho de Tobias Gregson. Lembra-se do chapéu ao lado do morto?
- Lembro-me - disse Holmes -, de John Underwood & Filhos, 129, Camberwell Road.
Gregson parecia um pouco desanimado.
- Não fazia a menor ideia de que tinha reparado - disse ele. - Esteve lá?
-Não.
- Ah! - exclamou Gregson, num tom de voz que denotava alívio -, nunca se deve negligenciar uma oportunidade, por mais insignificante que possa parecer.