Um Estudo em Escarlate - Cap. 6: 6 - Tobias Gregson Mostra o que Sabe Fazer Pág. 52 / 127

Numa ocasião chegou a apertá-la nos braços e a abraçá-la... uma afronta que fez que o seu próprio secretário o censurasse pela conduta indigna de um homem.»

»«Mas por que suportou tudo isso?», perguntei. «Suponho que se pode livrar dos pensionistas quando quiser.»

»«A Madame Charpentier corou com a minha pergunta pertinente.»

»«Prouvera a Deus que eu não o tivesse aceite no mesmo dia em que chegou», disse ela. «Mas era muito tentador. Cada um estava a pagar uma libra por dia... catorze libras por semana, e esta é a estação morta. Sou viúva, e o meu filho na Marinha fez-me gastar muito dinheiro. Não podia perder o dinheiro. Fi-lo com boa intenção. Contudo, esta última atitude foi de mais e avisei-o de que tinha de se ir embora por causa daquilo. Foi por isso que ele saiu.»

»«Então?»

»«Fiquei mais descansada quando o vi partir. O meu filho está de licença, mas não lhe contei nada, porque ele tem um temperamento irascível e gosta muito da irmã. Quando fechei a porta atrás deles, tive a sensação de que uma preocupação me deixara de afligir. Mas, em menos de uma hora, tocaram à campainha, e fiquei a saber que o Sr. Drebber voltara. Estava muito excitado e evidentemente muito bêbado. Abriu caminho à força, entrou na sala onde eu estava sentada com a minha filha e pronunciou umas palavras incoerentes em como perdera o comboio. Depois, virou-se para Alice e, à minha frente, propôs-lhe casamento, dizendo-lhe que devia fugir com ele. 'És de maioridade', disse ele 'e não há nenhuma lei que te impeça. Tenho dinheiro bastante para gastar. Não ligues aqui a esta velhota e vem já comigo. Viverás como uma princesa.' Pobre Alice, estava tão assustada que se afastou dele, mas ele agarrou-a pelo pulso e tentou arrastá-la para a porta. Gritei e, nesse instante, o meu filho entrou na sala. O que aconteceu depois não sei. Ouvi pragas e os ruídos estranhos de uma briga. Estava demasiado aterrorizada para erguer a cabeça. Quando levantei os olhos vi Arthur parado na soleira da porta, a rir, com um pau na mão. 'Acho que aquele janota não nos voltará a incomodar', disse ele. 'Vou atrás dele para ver o que faz.' Com aquelas palavras pegou no chapéu e saiu, descendo a rua.





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