Um Estudo em Escarlate - Cap. 7: 7 - Luz na Escuridão Pág. 61 / 127

O Sr. Gregson, que escutara esta alocução com bastante impaciência, não conseguiu conter-se por mais tempo.

- Olhe, Sr. Sherlock Holmes - disse ele -, estamos todos prontos a admitir que você é um homem esperto e que tem os seus próprios métodos de trabalho. Todavia queremos algo mais do que apenas teoria e sermões. Trata-se de capturar o homem. Demonstrei que tinha razão, mas parece que estava errado. O jovem Charpentier não podia estar implicado no segundo caso. Lestrade seguiu o homem, o Stangerson, e parece também que estava errado. Você fez várias sugestões e dá a impressão que sabe mais do que nós sabemos, mas chegou o momento em que pensamos que temos o direito de lhe perguntar sem rodeios como ficou a saber de tudo. É capaz de dizer o nome do homem que o fez?

- Não posso deixar de reconhecer que Gregson tem razão, sir - começou Lestrade. - Ambos tentámos e falhámos. Comentou mais de uma vez, desde que aqui entrei, que tinha todas as provas de que precisava. Certamente não o vai esconder por mais tempo.

- Qualquer delonga na captura do assassino - observei - poderia dar-lhe tempo para cometer outra nova atrocidade.

Assim pressionado por todos nós, Holmes evidenciou sinais de indecisão. Continuou a andar de um lado para o outro na sala, com a cabeça enterrada no peito e as sobrancelhas baixas, como era seu hábito quando estava absorto em pensamentos.

- Não haverá mais assassínios - disse ele por fim, parando de repente e olhando de frente para nós. - Podem pôr isso fora de questão. Perguntaram-me se sei o nome do assassino. Sei. Contudo, o simples facto de saber o nome dele é uma coisa insignificante, comparada com a faculdade de lhe pormos as mãos em cima. Espero fazer isso dentro de muito pouco tempo. Tenho esperança de o conseguir pelos meus/próprios meios; mas é uma coisa que requer um tratamento engenhoso, porque temos de lidar com um homem sagaz e desesperado.