Era um percurso desconcertante para uma pessoa que não estivesse acostumada a enfrentar a natureza nos lugares mais inóspitos. Na única vertente elevava-se um enorme despenhadeiro com trezentos metros ou mais de altura, sombrio e ameaçador, com longas colunas basálticas na superfície irregular, como as costelas de um monstro petrificado. Por outro lado, um caos de pedregulhos e detritos tornava impossível qualquer avanço. Entre os dois passava o trilho irregular, tão estreito em alguns sítios que tinham de viajar em fila indiana e tão desigual que somente cavaleiros experimentados o podiam ter atravessado. No entanto, apesar de todos os perigos e dificuldades, os fugitivos não desanimaram, porque cada passo aumentava a distância entre eles e o terrível despotismo de que fugiam.
Contudo, passado pouco tempo, tiveram uma prova de que ainda estavam na jurisdição dos Santos. Tinham chegado à parte mais inóspita e árida do desfiladeiro, quando a rapariga soltou um grito de surpresa e apontou para cima. Sobre um rochedo que dava para o trilho, aparecendo negra e bem marcada em contraste com o céu, estava uma sentinela solitária. Ele viu-os logo que o vislumbraram, e a intimação «Quem vem lá?» atravessou a ravina.