Naquele momento, ouviu-se um passo rápido nas escadas. Júlia irrompeu no quarto. Trazia um saco de ferramentas de lona marron crua, com que às vezes a vira entrando e saindo do Ministério. Tentou colhê-la nos braços, mas Júlia desvencilhou-se um tanto apressada, em parte por estar ainda com a bolsa na mão.
- Meio segundo - disse. - Olha só o que eu trouxe.
- Trouxeste esse horrendo Café Vitória? Logo vi. Podes levá-lo de volta, não precisamos dele. Olha.
Ajoelhou-se, abriu a bolsa, e tirou algumas chaves- inglesas e de fenda que enchiam a parte superior. Por baixo havia vários pacotes de papel. O primeiro embrulho que entregou a Winston lhe pareceu, ao tato, ter uma consistência estranha e no entanto vagamente familiar. Estava cheio de uma substância pesada, pulverulenta, que cedia onde se apertasse o papel.
- É açúcar?
- Açúcar de verdade. Nada de sacarina.