À esquerda do vestíbulo, situava-se a sala nunca utilizada, a seguir a escada e depois a passagem continuava em direção à cozinha e ao inabordável covil habitado por Mrs. Wisbeach. No momento em que 'ele entrou, a porta ao fundo entreabriu-se cerca de trinta centímetros. O rosto de Mrs. Wisbeach emergiu, inspecionou-o rápida mas desconfiadamente e voltou a desaparecer. Era totalmente impossível entrar ou sair, em qualquer altura antes das onze horas da noite, sem ser esquadrinhado daquela maneira.
Resultava difícil determinar do que ela julgava os hóspedes capazes; talvez de introduzir companhia feminina em casa clandestinamente. Tratava-se de uma daquelas mulheres respeitáveis malignas que alugam quartos com pensão, completa ou não. Cerca de quarenta e cinco anos de idade, rosto redondo, cabelo grisalho bonito e descontentamento permanente.
Gordon deteve-se junto da estreita escada. Em cima, uma voz forte vulgar cantava «Quem tem medo do Lobo Mau?», Um homem muito gordo de trinta e oito ou trinta e nove anos surgiu na curva dos degraus, com o passo de dança ligeiro próprio dos indivíduos nutridos, fato cinzento elegante, sapatos amarelos, chapéu de feltro inclinado para a orelha e um sobretudo azul cintado de banalidade absoluta. Era Flaxman, hóspede do primeiro andar, e representante viajante da Queen of Sheba Toilet Requisites Co., o qual saudou Gordon com uma luva cor de limão ao descer.
- Olá, compincha! - exclamou em tom jovial. (Chamava «compincha» a toda a gente.) - Como lhe corre à vida?