- O pior possível - retrucou Gordon, secamente. Flaxman atingiu o fundo da escada e' estendeu o braço rechonchudo em torno dos ombros de Gordon, num gesto afetuoso.
- Anime-se, amigo, anime-se! Parece que vem de um funeral. Vou ao Crichton. Venha daí tomar um copo.
- Não posso. Tenho que fazer.
- Tretas! Não gosta de conviver? De que lhe serve ficar a cismar no quarto? Venha ao Cri, para beliscarmos o traseiro da barmaid.
Gordon conseguiu libertar-se do amplexo. À semelhança de todas as pessoas pequenas e frágeis, detestava que lhe tocassem. O outro limitou-se a sorrir, com o bom humor típico dos gordos, Na verdade, era horrivelmente anafado.
Enchia as calças como se tivesse sido fundido e depois vertido nelas. Mas é claro que, como toda a gente adiposa, nunca reconhecia a sua própria gordura. Ninguém na verdade gordo emprega esse adjectivo, se existe alguma maneira de o evitar. Prefere o termo «forte» - ou, ainda melhor, «robusto». Um homem gordo nunca se sente tão feliz como quando se classifica de «robusto». No primeiro encontro com Gordon, Flaxman estivera na iminência de se intitular «robusto», porém algo nos olhos esverdeados do interlocutor impedira-o. Ao invés, optara por «forte», como solução de compromisso.
- Reconheço, compincha, que sou... bem um nadinha sobre o forte. Nada de espetacular, note-se. - Deu uma leve palmada na vaga fronteira entre o abdómem e o peito. - Carne firme, da rija. Sou muito ágil em cima dos pés, diga-se de passagem. Mas... enfim, acho que me podem considerar forte.
- Como Cortez - sugeriu Gordon.
- Cortez? Cortez? Refere-se àquele fulano que vagueava sempre nas montanhas do México?
- A esse mesmo. Era forte, mas tinha olhos de águia.
- Sim? Aí está uma coisa curiosa. Porque a patroa me disse' algo do género, uma ocasião. «Tens os olhos mais maravilhosos do mundo», garantiu-me. São como os das águias. Foi antes de casarmos, claro.
De momento, vivia separado da mulher. Pouco' tempo antes, a Queen of Sheba Toilet Requisites Co.
