De súbito, duas pancadas sucessivas na porta da rua sacudiram toda a casa. Gordon estremeceu. O seu espírito ergueu-se do abismo. O carteiro! Os Prazeres Londrinos foram esquecidos.
O seu coração agitou-se. Talvez Rosemary tivesse escrito. De resto, havia os dois poemas que ele enviara às revistas. Na realidade, quase dera um deles como perdido - mandara-o a um jornal americano, o California Review, meses atrás. Provavelmente, nem estariam com o trabalho de o devolver. Mas o outro era uma publicação inglesa, o Primrose Ouarterly, e Gordon depositava grandes esperanças nesse. O Primrose Quarterly era um daqueles venenosos jornais literários em que- o Nancy Boy em voga e o Católico Romano profissional andavam bras dessus, bras dessou. Constituía igualmente, de longe, a folha literária mais independente da Inglaterra. Quem conseguia ver um poema publicado nele tinha a popularidade assegurada. No fundo do coração, ele sabia que o Primrose Quarterly nunca incluiria os seus poemas nas suas páginas. Não correspondiam ao seu nível. Em todo o caso, os milagres por vezes aconteciam ou, se não milagres, acidentes. De qualquer modo havia seis semanas que tinham recebido o seu poema. Conservá-lo-iam tanto tempo em seu poder se não tencionassem aceitá-lo?