O Vil Metal - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 93 / 257

Gordon impeliu a porta do bar público e' Ravelston seguiu-o, tentando convencer-se intimamente de que apreciava os botequins, em especial os de aspecto duvidoso. Com efeito, os botequins são genuinamente proletários. Neles, uma pessoa pode conviver com a classe operária em pé de igualdade – ou, pelo menos, assim reza a teoria. Na prática, contudo, Ravelston nunca entrava num daqueles estabelecimentos, se não o acompanhava alguém como Gordon, e sentia-se sempre como um peixe fora da água. Envolveu-os uma atmosfera malcheirosa, se bem que razoavelmente fresca.

Era uma sala suja, saturada de fumo, de tecto baixo, com o sobrado coberto de serradura e mesas de pinho rudimentares sulcadas de Círculos de gerações de canecas de cerveja. A um canto, quatro mulheres monstruosas com seios do tamanho de melões tomavam cerveja preta, sentadas, e conversavam com notável intensidade a respeito de uma certa Mrs. Croop. A proprietária, alta e corpulenta de franja negra, parecida com uma patroa de bordei, encontrava-se atrás do balcão, os poderosos braços cruzados sobre o peito, entretida a observar uma partida de dardos que se desenrolava entre quatro operários e um carteiro. Era necessário uma pessoa agachar-se ao cruzar a sala, para não ser atingida pelos dardos. Registou-se um momento de relativo silêncio, enquanto os clientes olhavam Ravelston com curiosidade. Um indivíduo tão obviamente cavalheiro não podia passar despercebido. Era um tipo de cidadão raramente visto no bar.

O visado fingiu que não se dava conta do interesse 'que despertava. Prosseguiu em direcção ao balcão, descalçou Uma luva para procurar dinheiro na algibeira e perguntou com naturalidade:

- Que toma?

Mas Gordon precedera-o e já pousara um xelim no balcão. Paga sempre a primeira rodada! Era um ponto de honra. Ravelston encaminhou-se para a única mesa livre. Um escavador inclinado sobre o balcão voltou-se apoiado no cotovelo e dirigiu-lhe um olhar prolongado e insolente. «Um... janota!», pensava. Gordon reuniu-se ao editor equilibrando duas canecas de cerveja preta corrente.





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