» Que ardente fogo de vingança não teria repentinamente explodido em chamas na alma dessa apaixonada celta quando viu o homem que lhe tinha feito mal - que talvez a tivesse prejudicado mais do que nos é possível suspeitar - em seu poder? Teria sido por acaso que o pau escorregou e que a pedra fechou Brunton no que veio a ser o seu sepulcro? Teria ela sido apenas culpada do silêncio quanto à sua sorte? Ou teria um golpe repentino da sua mão retirado o suporte e deixado a pedra deslizar para o seu lugar?
» Como quer que tenha sido, parece-me ver aquela figura de mulher, agarrada ao tesouro encontrado, voando pela escada em caracol com os ouvidos a zumbir devido aos gritos ensurdecedores que deixava para trás e ao bater de mãos frenéticas contra a laje de pedra que abafava a vida do amante infiel.
» Eis o segredo do seu rosto pálido, dos seus nervos descontrolados, das suas risadas histéricas na manhã seguinte. Mas o que haveria na caixa? E o que fez ela disso? Naturalmente era o metal velho e as pedras que o meu cliente tinha retirado da lagoa. Atirou-os para lá na primeira oportunidade para remover o último vestígio do seu crime.
» Durante vinte minutos fiquei sentado, imóvel, a pensar no assunto. Musgrave estava com o rosto muito pálido, agitando a lanterna e olhando para o fundo da adega.
«- São moedas de Carlos I - disse, retirando algumas que tinham ficado na caixa. «- Bem vê que estávamos certos quanto à data do Ritual.»
«- Podemos encontrar qualquer coisa mais de Carlos I» - disse eu, quando o significado provável das duas primeiras perguntas do Ritual me ocorreu de repente: «- Deixe-me ver o conteúdo do saco que pescou na lagoa.